Café, moça ?



— Café, moça ?
— Por favor, escaldante e com muito açúcar.
O garçom assusta-se com tal pedido. 
— Mas assim queimará teus tão belos lábios. E o gosto doce demais não enjoa, moça ? 
— Escaldante para derreter esse gelo todo dentre de mim, Zé. Roubarei para mim tal doçura exagerada, sinto-me amarga demais.
— Não prefere o algo comum ?
— Comum Zé ? E eu lá sou como todo mundo ? 
— Não, claro que não moça. 
 Ela acende um pequenino cigarro, e o garçom a observa, metade curioso, metade horrorizado.
— Fumar acabará com o teu pulmão moça. 
— O coração foi-se um pouco antes, só resta-me os pulmões e rins. O que um cafajeste começou o cigarro e a bebida fazem questão de terminar. (caçadoradesonhos)

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